terça-feira, 25 de junho de 2013

ARTRITE REUMATÓIDE





 
A Artrite Reumatóide é uma doença inflamatória crônica que apresenta sinovite, envolvendo as articulações, principalmente as periféricas de mãos e punhos de forma simétrica levando a deformidades e incapacidade funcional. Apresenta distribuição mundial e é relativamente freqüente, acomete 1% da população adulta, sendo as mulheres mais acometidas do que os homens, três para um (CICONELLI, 2006; apud SATO).
 
 
Etiopatogenia:
 
A causa não está totalmente definida, por este motivo muitos estudos têm ocorrido. Vários fatores tem se apresentado como genético, hospedeiro e ambiente.
Respostas imunológicas, inflamação desencadeada por infecção, poliformismo genético, auto-imunidade mediada por anti-corpos e células T, desregulação na produção de citocinas pró-inflamatórias e antiinflamatórias e pannus que é a transformação da sinóvia em tecido invasivo são fatores apontados como causadores principais.
A perda da função articular é resultado de danos irreversíveis da cartilagem articular como conseqüência do processo inflamatório, além de danos nos tecidos ao redor da articulação como tendões, cápsulas, ligamentos e osso subcondral.
Pela incapacidade dos condrócitos em manter a integridade do tecido devido a inflamação leva a destruição da cartilagem, além disto, enzimas proteolíticas presentes no líquido sinovial agem na matriz da cartilagem acelerando a destruição do tecido (SATO, 2006)
 
Critérios de Classificação segundo o American College of Rheumatology:
 
O paciente necessita preencher ao menos quatro dos sete critérios para fechar o diagnóstico, sendo que os critérios de 1 a 4 devem estar presentes por 6 semanas:
 
1)    Rigidez matinal: Região articular ou periarticular com duração de 1 hora.
2)     Artrite de três ou mais articulações: de forma simultânea, com aumento de volume de partes moles e de líquido (não somente proliferação óssea)
3)    Artrite de articulações das mãos (punho, interfalangeanas proximais e metacarpofalangeanas)
4)    Artrite simétrica; da mesma articulação em ambos os lados do corpo.
5)    Nódulos reumatóides; subcutâneos sobre proeminências ósseas.
6)    Fator reumatóide sérico; quantidade anormal de fator reumatóide sérico.
7)    Alterações radiográficas: erosões ou descalcificações localizadas em radiografias de mãos e punhos.
 
Pacientes com dois ou três critérios não são excluídos da possibilidade do desenvolvimento da doença futuramente e devem ser acompanhados com frequência.
Ressalta-se que o médico avalie a atividade da doença periodicamente verificando o número de articulações dolorosas, o número de articulações edemaciadas, a intensidade da dor, avaliação da mobilidade articular, da capacidade funcional e exame radiográfico para constatar ou não a progressão da doença.
 
 
 
Quadro Clínico:
 
Embora a AR se manifeste mais evidentemente nas articulações, deve-se lembrar que é uma doença sistêmica com comprometimentos extra-articulares.
Nas manifestações articulares, há sinais e sintomas reversíveis ligados ao processo inflamatório e os irreversíveis ligados a sinovite.
A coluna dorsal e lombar são raramente acometidas, porem a cervical é frequentemente envolvida, principalmente as articulações C1 e C2.
Deformidades nas articulações periféricas surgem com a evolução da doença, citamos os dedos em pescoço de cisne, em botoeira, desvio ulnar e hálux valgo.
 
 
Nódulos subcutâneos aparecem em 30% dos pacientes, o envolvimento sistêmico dos órgãos são evidentes em 10 a 20% dos acometidos.
A Pleurite é um achado comum com evolução favorável.
A ceratoconjuntivite é o achado ocular mais comum, tendo a esclerite como evolução mais grave.
Devido a sangramento no trato gastrointestinal não é raro a anemia, além de proteinúria pelo comprometimento renal.
As manifestações neurológicas estão associadas a compressão medular devido a instabilidade cervical levando a neuropatias periféricas como a síndrome do túnel do carpo.
 
Tratamento:
 
O início imediato do tratamento após o diagnóstico precoce são fundamentais para o controle da doença e para prevenir incapacidade funcional e lesão irreversível
Os objetivos do tratamento são:
·       Prevenir ou controlar a lesão articular,
·       Prevenir a perda de função,
·       Diminuir a dor,
·       Maximizar a qualidade de vida do paciente.
A educação do paciente e de seus familiares, deve ser a abordagem terapêutica inicial, orientando a respeito da doença, as possibilidades de tratamento, riscos e benefícios.
O tratamento deve ser constantemente reavaliado. As decisões quanto ao planejamento da terapia, devem ser em conjunto com o paciente.
O acompanhamento multidisciplinar é importante para o sucesso do tratamento, sugerimos apoio médico, psicológico, nutricional e fisioterapêutico.
 
 
 
Tratamento Fisioterapeutico:
 
Por motivo do potencial incapacitante desta doença, é necessário o acompanhamento destes pacientes desde o início, com orientação sobre proteção articular, manutenção da função do aparelho locomotor e do
sistema cardiorrespiratório.
Deve-se otimizar o fortalecimento da musculatura periarticular e adequar um programa de flexibilidade, evitando o excesso e fazendo uso de cargas moderadas além de enfatizar a proteção articular e o uso de talas.
Devem fazer parte do condicionamento físico:
·         Atividade aeróbica,
·         Exercícios resistidos,
·         Alongamento,
·         Relaxamento,
·         Sempre observar a tolerância e a fadiga.
A restrição dos movimentos utilizando órteses tem como objetivo aliviar as dores mioarticulares devido a estabilização e realinhamento da articulação.
Sabendo-se que a degeneração articular é maior quando o repouso é prolongado, a estratégia terapêutica deverá intercalar períodos alternados de atividades e repouso.
 
 
 
Tratamento medicamentoso:
 
Variar com o estágio da doença, sua atividade e gravidade.
Sintomáticos
·       Antiinflamatórios não hormonais,
·       Analgésicos comuns, como o paracetamol,
·       Drogas modificadoras do curso da doença (cloroquina / hidroxicloroquina, sulfasalazina, metotrexato), preferencialmente em até três meses após o início da doença.
·       Doses baixas de glicocorticóides, prednisona,
·       Suplementação de cálcio,
·       Vitamina D,
·       Uso de opióides pode se fazer necessário em alguns pacientes,
·       Infiltrações com glicocorticóides nos casos oligoartrites persistentes.
 
Em caso de indicação de tratamento cirúrgico, deve ser feito precocemente. Não aguardar o comprometimento de várias articulações. Testar o nível da qualidade de vida do paciente é recomendável para a indicação cirúrgica.
·       Sinovectomia para sinovite resistente ao tratamento conservador por mais de seis meses,
·       Correção de tendões e sinovectomia;
·       Debridamento articular e ressecção artroplástica;
·       Artrodese;
·       Artroplastias totais: joelho e quadril.
 
 
 
 
 
 
 
Referências:
 
SATO, Emilia Inque, Guia de Reumatologia – Guia de Medicina ambulatorial e hospitalar; Ed. Manole, Barueri, 2006.
 
American College of Rheumatology/ Subcommittee on Rheumatoid Arthritis Guidelines. Guidelines for the management of rheumatoid arthritis.  Arthritis  Rheum 2002; 46:328-46.

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